Ex-secretário de agricultura de Wagner chama Tupinambá de ´falsos índios´
“É um absurdo o que está acontecendo no Sul da Bahia. Produtores que estão há décadas na região continuam tendo suas propriedades invadidas, sofrendo ameaças e sendo assassinados por falsos índios. Medidas drásticas precisam ser tomadas com urgência para preservar a vida e o patrimônio de quem trabalhou a vida toda em suas propriedades. Esses falsos índios têm que ser presos e responsabilizados”. A afirmação é do ex-secretário de agricultura da Bahia, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, revoltado com o assassinato de Juraci dos Santos Santana, de 44 anos, ex-líder do Assentamento Ipiranga, na madrugada de terça-feira, em Una.
Salles destacou que a morte de Juraci dos Santos ocorreu poucos dias depois da Força Nacional ter sido retirada da região. Segundo ele, a retirada desse efetivo da região em conflito foi uma irresponsabilidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que provocou a morte do agricultor e pode gerar mais violência. Ele denunciou ainda que ataques dos falsos índios estão acontecendo também em Itapetinga, onde várias fazendas já foram invadidas.
Salles, que quando secretário foi convocado para ser o representante dos produtores no Grupo de Trabalho (GT) criado pelo governador Jaques Wagner para buscar soluções para os conflitos com os indígenas, destaca que no dia 7 de julho do ano passado, momentos antes da abertura do Festival de Chocolate de Ilhéus, o governador Jaques Wagner reuniu-se com produtores, representantes da PM e da Polícia Federal, e reforçou a solicitação ao governo federal para o envio da Força Nacional. Em agosto, Salles reuniu-se em Buerarema com os agricultores e criadores para discutir o problema, e dias depois, após nova reunião no gabinete da Secretaria da Agricultura, conduziu um grupo de produtores para audiência com o governador.
No encontro, segundo o secretário, Juraci dos Santos, que defendia o assentamento e combatia as ações dos falsos índios disse que chegou a ser procurado por eles, que tentaram aliciá-lo propondo que também se declarasse índio. Por causa de sua postura em defesa do assentamento, Juraci vinha sendo ameaçado por pessoas ligadas aos indígenas desde o ano passado.
“Até que se chegue à decisão final das questões fundiárias, o governo federal tem que garantir a permanência dos produtores em suas propriedades com segurança”, disse Salles. Ele lembrou que os índios estão destruindo as propriedades invadidas. “Depois de invadir as propriedades e expulsar os produtores, eles matam os animais para vender e passam a viver do extrativismo, a exemplo das plantações de cacau, cujos frutos são retirados e vendidos ilegalmente. “A polícia tem que prender também os atravessadores que compram esses produtos roubados pelos falsos índios”, afirma Salles.
O ex-secretário, convocado pela Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) para coordenar a elaboração do Plano de Governo para a Agropecuária, documento que será entregue aos candidatos ao governo do Estado, afirmou que a questão fundiária e a demarcação de terras indígenas serão temas que estarão no plano. Nesta quarta-feira, Salles manteve contatos com os sindicatos rurais de Itapetinga e Ilhéus, e agendou reuniões para a próxima semana em Ilhéus para avaliar a situação e definir os próximos passos.
Salles elogiou e concordou com a iniciativa do governador Jaques Wagner que, em Brasília, discutiu a questão com a presidente Dilma Rousseff e requereu ao ministro da Justiça a aplicação do instrumento de Garantia da Lei da Ordem (GLO) na região em conflito. Durante a vigência da GLO as forças armadas assumem a segurança local, com poder de polícia.